O içamento de um corpo inerte é uma marionete. Nesse sentido True Rouge inicia o grupo de obras içadas. Estas obras trazem um repertório de elementos conjuntivos que separam e ao mesmo tempo conectam o corpo do marionete ao corpo do manipulador. São cabos, hastes, ganchos, correntes e ventosas. A diferença de um corpo de marionete e um contra peso içado está na ilusão de que a marionete sustenta o próprio corpo, tornando os conectivos, por vezes, invisíveis.
Na versão grande de True Rouge a armação em cruz se amplia numa estrutura feita de três peças de madeira vermelha que em vez de sustentar um única rede, passa a sustentar de oito a doze redes. Esta versão demandou cento e trinta redes, penduradas em 12 cruzetas. Por possuir a trama bem aberta, a rede não esconde os elementos dentro dela. Essa transparência, a da rede, flerta com a transparência do vidro e dispõe os elementos para a devida degustação. Dentro delas estão escovas, esponjas do mar, bola de bilhar, feltro e contas de vidro na cor vermelha. E entre os objetos transparentes encontramos cálices, garrafas e funis em três tamanhos cada um, além de bolas de cristal. Garrafas e cálices estão cheios de liquido vermelho. Em todas as edições da versão grande, uma performance foi feita para o inauguração onde homens e mulheres nus espalhavam pelas redes baldes de gelatina vermelha que lentamente se depositam no piso em grandes poças.