O içamento de um corpo inerte é uma marionete. Nesse sentido True Rouge inicia o grupo de obras içadas. Estas obras trazem um repertório de elementos conjuntivos que separam e ao mesmo tempo conectam o corpo do marionete ao corpo do manipulador. São cabos, hastes, ganchos, correntes e ventosas. A diferença de um corpo de marionete e um contra peso içado está na ilusão de que a marionete sustenta o próprio corpo, tornando os conectivos, por vezes, invisíveis.
Convidado em 2004 pelo Louvre para realizar uma obra para exposição temporária, Tunga decidiu usar o espaço sobre a pirâmide por onde chegam todos os visitantes. O trabalho é pendurado na ponta de uma viga em balanço. Lugar originariamente desenhado para receber o mármore Vitória de Samotrácia.
O foco é um esqueleto sem cabeça deitado numa rede de metal trançado sustentada em tensão por enormes bengalas que se juntam como braços numa dança de morte; podemos ver nossa vida inteira passar pelo espaço. Considerando as coleções do museu como um derradeiro cemitério da civilização, Tunga vasculhou as salas de depósito das estatuárias antigas de diferentes culturas. O conjunto armado congrega objetos que prescindem de palavras ou histórias. Um universo de signos transculturais. Objetos que poderiam ter sido feitos por qualquer cultura em qualquer época. A grande escultura sugere uma balança que equilibra entre dois mundos objetos coletados, presos a sargaços da maré baixa. O sono do personagem decapitado ladeado por uma cachoeira de cabeças, cabelos e tranças pode lembrar inversamente o deleite adolescente na obra “Caro amigo” onde a jovem repousa sobre as pedras de uma cachoeira tropical.