Em um pequeno quarto situado em um antigo hotel desativado do centro do Rio de Janeiro, Tunga instala a obra chamada Amber Guests. Vários arames presos a diversos pontos das paredes e teto traçam percursos que levam a elementos em suspenção. Uma longa colher de bronze banhada com nitrato de prata, uma garrafa de cristal cheia de essência de âmbar, um quartzo com um negro esfumaçado, alguns conta-gotas e um negro meteorito estão suspensos em retorcidas amarrações, deixando a pequena sala quase impenetrável. Pérolas de um róseo suave estão espalhadas por todos os recôncavos do meteorito e da sala, que também é rosa.
Dois tripés de ferro, proporcionais a bancos, trazem para a sala um pouco mais de ferro junto do meteorito e dos arames. O quarto está ocupado, e por um capricho da planta do hotel ele ganha transparência pois uma janela generosa aberta para o interior do hotel permite a mágica da quarta parede.
A obra que coloca um meteorito próximo a um cristal de rocha e pérolas é na verdade uma árvore. Estamos sentindo o cheiro do âmbar que goteja da grande colher para o quartzo, do quartzo para o meteorito e do meteorito para o chão de madeira, mas não enxergamos a árvore. O invisível é oferecido. A árvore que liga o céu à terra é incensada pelo âmbar e pela fumaça de charuto. Duas menina estão dentro do quarto. São elas que com o conta-gotas alimentam a grande colher. São elas que fumam charuto e defumam a arvore com a lembrança de suas folhas. Só poderiam ser elas, que selam a aliança do visível com o invisível.
No dia seguinte após a performance, a convite da grande árvore, as duas se tornam invisíveis.