Obras cromatizadas pelo ato de maquiar. Surgem pela primeira vez em Lábios e reaparecem frequentemente não só com pasta de maquiagem mas também com gelatina, giz e esmalte cerâmico. É comum a obra ser maquiada durante uma performance. A Maquiagem, além de fazer o elogio da superfície, inscreve na instalação e na escultura a testemunho de uma performance.
Sete meninas, foram convidadas para participar de uma filmagem dirigida por Murilo Salles, para o filme “És tu Brasil”. Com exceção de Ynaiê Dawson, na época, assistente fotográfica de Tunga, elas não conheciam o artista nem umas às outras. Foram a um local bucólico na Floresta de Tijuca, cheio de cipós, gavinhas penduradas, frutas enormes apodrecidas e uma pequena cachoeira. Lá chegando, aplicaram sobre mondrongos, redes, garrafas, funis, entre outros elementos arquetípicos, pastas densas de maquiagem em tons carnais e vermelhos. Logo em seguida, as meninas começam a cobrir suas próprias peles. Dois violoncelistas respondiam com variações sobre música do compositor Heitor Villa-Lobos. As modalidades musicais por vezes evocavam mantras, ou ainda, como se Olivier Messian fizesse uma improvável visita a Amazônia. As sete meninas ocupavam aquele pedaço de mata dividindo-o com os violoncelistas, a equipe de filmagem e Tunga que de vez em quando se recostava em uma rede. O clima sugeria um idílio da mitologia grega, ninfas sentadas em rochas, brincando com as curvas das garrafas, os gargalos, caldeirões, funis e cálices. Vestiam-se por vezes com redes e cobertores. O trabalho terminou perto dali, no grande salão branco do espaço pensatorium de Tunga onde ele e as garotas, ainda maquiados, jantaram um rubro prato de sopa.