Obras cromatizadas pelo ato de maquiar. Surgem pela primeira vez em Lábios e reaparecem frequentemente não só com pasta de maquiagem mas também com gelatina, giz e esmalte cerâmico. É comum a obra ser maquiada durante uma performance. A Maquiagem, além de fazer o elogio da superfície, inscreve na instalação e na escultura a testemunho de uma performance.
Assim como em pintura sedativa, a conformidade em Lábios é resultante da linha criada entre dois corpos, agora, são cálice e garrafa. Esses corpos e sua linha de encontro foram primeiramente mostrados em um desenho impresso no convite da exposição na White Chapel. Lábios é uma série de esculturas realizadas em terracota, fundidas em bronze. Depois de fundidas são cobertas com maquiagem em tons de pele e vermelho. A obra indica uma etapa primal da escultura onde ainda não existem sobras. São volumes amalgamados ou extrudidos. As saliências da extrusão se transformam em lábios que serão coloridos com os dedos. A palavra “maquiagem” pode significar truque, truco. Ao ser maquiada, essa criação desajeitada mimetiza seu estado de terracota original falsificando o bronze em carne humana; Curiosamente a terracota é a matéria prima da maquiagem. Então, podemos dizer que o bronze é maquiado para se encarnar, se reencarnando quando a maquiagem remete a terracota, sua antiga carne. Mais uma vez a linha temporal da ação funciona - como na obra São João Batista - como um carimbo, compactada em um só momento.