Apresentado em 1996 como parte da mostra “Transparências”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, cinquenta jovens vestidos com camisetas e bonés especiais, transportam valises que se abriam inadvertidamente de modo que o conteúdo – elementos misturados; areia com gelatina e várias minúcias – ficava à vista. Quando as malas se abriam, deixavam cair pelo chão todo o conteúdo, e produziam em seus portadores espantos aspiratórios ansiosos.
A respiração está mais uma vez representando um oco. Não o da boca, mas sim o do pulmão. Assim como em Heaven ‘s Hell/ Hell ‘s Heaven, inspirar está associado a entrar no oco do pulmão, e expirar a sair. Os homens tiravam dos bolsos pérolas, sementes, termômetros, liam para o público, em uma saudação poética “A Fenix e a pomba” de Shakespeare. E, na prática, obstruíam a passagem das pessoas como se transformassem a sala de exposição num dilatado pulmão repleto de ar.
Talvez, se espantar, estaria associado a revelar o conteúdo do oco do pulmão, tornando-o audível, ou mesmo visível como o conteúdo despejado do oco da mala.
Nos dias seguintes ao da performance, brotos das sementes de abóboras cresceram pela terra espalhada no chão.